segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Rio de Janeiro, 1936...

Vendo uma filmagem da Metro, através do YouTube, vieram-me à memória algumas lembranças da beleza que era a nossa vida na época. Talvez sejam lembranças do encantamento de uma menina de 9 anos mas quando vi a Praça Mauá e os navios, lembrei-me que eram da Companhia Mac Cormack que tinham uma, duas ou até três chaminés, conforme o tamanho do navio.
Vinham repletos de turistas que desembarcavam na Praça Mauá e nós íamos vê-los pois era uma grande diversão na era pré-televisão. Na Avenida Rio Branco, circulavam carros e ônibus e lembro de um ônibus cinza (se não me engano, da Light) que tinha os assentos forrados de veludo estampado... No Carnaval, íamos ver na Avenida, o Corso (desfile de carros com grupos fantasiados) e o desfile das Sociedades Carnavalescas: Tenentes do Diabo, Democráticos, Embaixada do Sossêgo e outros, onde "moça de família" não desfilava...
No final da Avenida Rio Branco, do lado esquerdo, onde hoje é a Esplanada do Castelo, ficava a "Praia das Virtudes" que foi aterrada e em 1936, foi construído o Aeroporto Santos Dumont.
No Edifício "A Noite", em 1936, no 21º andar foi inaugurada a Rádio Nacional e no 3º andar, funcionava a Escola Vicente Licínio Cardoso.
Na Praça Mauá, havia a "Batalha de Confete" e o saguão do Edifício "A Noite", ficava com o chão coberto por uma camada de confete de mais ou menos 9 dedos de altura. Eu e meus irmãos, para desgosto de nossa mãe, jogavamos-nos no chão e naturalmente ficávamos cobertos de poeira.
Ms, voltando à vida da população na época, lembro-me que as senhoras iam às compras no centro da cidade elegantemente trajadas e ao Teatro e Cinema, de chapéu e luvas. Haviam muitas casa de câmbio onde também eram vendidos objetos enfeitados com asas de borboletas (hoje proibido) como quadros, pratos e bandejas muito requisitados pelos turistas.
De grande beleza, ficava no final da Avenida Rio Branco, o Palácio Monroe com sua escadaria de mármore na qual aos 18 anos fui fotografada.
Naquele ano, fizeram sucesso as seguintes músicas:
  • Boa Noite, Amor (José M de Abreu e Francisco Matoso) Prefixo e Sufixo do "Programa Francisco Alves"
  • É Bom Parar (Rubens Soares), o samba mais cantado no carnaval de 1936, também conhecido como "Por que bebes tanto assim rapaz?"
  • O Ébrio (Vicente Celestino), filme, peça de teatro e novela
  • No Tabuleiro da Baiana (Ary Barroso) com Carmem Miranda e Luiz Barbosa
  • Palpite Infeliz (Noel Rosa) com Aracy de Almeida
  • Pierrô Apaixonado (Noel Rosa e Heitor dos Prazeres) com Joel E Gaúcho e mais uma infinidade de sucessos da nossa música.

E os estrangeiros:

  • Blue Moon ( Richard Rodgers e Lorenz Hart)
  • Cheek to Cheek (Irving Berlin)
  • The Continental ( Con Conrad e Herbert Magidson)
  • Night and Day ( Cole Porter)
  • The Piccolino ( Irving Berlin)

Alguns fatos que merecem destaque:

  • Morre o Rei George V, da Grã Bretanha
  • Inicia-se a Guerra Civil Espanhola
  • Nat King Cole grava seu 1º disco
  • Realizam-se em Berlim, os XI Jogos Olímpicos da Era Moderna
  • É inaugurada a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, no Edifício "A Noite", na Praça Mauá
  • É inaugurado no Rio de Janeiro, o Aeroporto Santos Dumont



segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A Marca do Sapato...


Na minha adolescência, gostava de escrever para os cantores ou artistas famosos do Rádio, pedindo-lhes retratos autografados. O primeiro retrato que recebi pelo Correio e autografado foi o de Gilberto Alves, que na época cantava na Rádio Tupi, localizada na Avenida Venezuela. Alguns retratos eu não tenho mais, como por exemplo duas fotos que recebi do cantor Orlando Silva, nos corredores da Rádio Nacional, em 1939. Entre os que ainda conservo, tenho dois do locutor Luiz de Carvalho que na época trabalhava na Rádio Educadora, na Rua 1º de Março. Esta rádio, posteriormente mudou-se para a Avenida Venezuela e teve o nome trocado para Rádio Tamoio. A primeira foto, recebi pelo Correio mas a segunda porém, tem uma pequena história.







Em 1942, um outro locutor, dono de belíssima voz e muito famoso, chamado Ramos de Carvalho, (irmão do Luiz) foi convidado para trabalhar na BBC de Londres. Luiz então, organizou um festival de despedida no Teatro João Caetano, com grande número de cantores famosos, na época. Eu e minha mãe, fomos assisti-los e no final, Luiz e o irmão apareceram nos camarotes do lado direito do Teatro despedirem-se do grande número de fãs que não paravam de aplaudi-los. Entre elas, estava eu, com 15 anos e pedi um retrato ao Ramos de Cavalho porém, Luiz, que estava a seu lado, tirou um retrato do bolso e estendeu a mão para mim, que estava na parte de baixo da platéia. Foi então, que uma outra fã tentou apanhar o retrato e este caiu no chão. Quando abaixei para pega-lo, ela pôs o pé em cima mas eu puxei e no retrato, ficou a marca do sapato dela...
Saí vitoriosa!!!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Rap do Idoso

Neste Blog, quero deixar gravadas as minhas memórias para compartilha-las com quem quiser, rir, chorar, sonhar... enfim, viajar no sonho e no amor. São lembranças a partir de 1930, quando eu tinha quatro anos. Tudo catalogado e preservado com muito carinho pois sendo eu uma pessoa privilegiada, só conheci gente de bem. As pessoas domal, foram engolidas pela névoa do tempo...
Vamos divulgar o amor!!!



O Rap do Idoso

Todo mundo faz protesto
Eu também vou protestar
Com o Rap do idoso
Contra aqueles que não sabem
Ao idoso respeitar
Nada disso, meu amigo
Deixa dessa covardia
Idoso é o teu abrigo
Com sua sabedoria
Quando na fila do banco
Demoras em atentê-lo
Mostras sinal de preguiça
E de total desmazêlo
E aquele motorista
Que não para a condução
Mesmo quando humildemente
Lhe mostramos o cartão?
Este, até que me dá pena
A ignorância é total
Quem sabe o que o destino
Lhe reserva no final?
Se eu mostro o meu cartão
E o ônibus não para,
Não desespero pois sei
Que "pensar" é coisa rara
Nas filas dos hospitais
O idoso é desprezado
E muitas vezes também
Pelos seus entes amados
Por isso amigo, escuta
O que diz o meu refrão:
Os que nos desprezam hoje
Abandonados serão
Eu já passei dos 80
E tenho boa memória
Tenho guardadas comigo
A minha e a tua história
Certamente a minha história
É a história dos teus pais
De trabalho e muita luta
Em tempos tão desiguais
Nós gostamos de cantar
De sorrir e escrever
Lembrar o nosso passado
Sem jamais entristecer
Felizmente encontramos
Quem nos console também
Com ternura fraternal
São pessoas que bem sabem
Que quando chega a velhice
É todo mundo igual!...


Autor: Nice Ferreira Weber